Estado de direitos iguais apenas em teoria não serve, e, na prática, é sonho.
O Estado de exceção é muito comum e marca nossa existência– sua proposta oculta, porém extremamente transparente nada mais é que restringir os direitos iguais dos indivíduos, excluindo o poder legislativo e atuando autonomamente de maneira despótica. Era para ser uma idéia temporária em situações extremas, mas, em suma, sempre está vigorando.
Uma vez que não existe lei e normas para serem cumpridas, não existem direitos, logo, toda e qualquer desumanidade cometida não tem relevância alguma, o poder judiciário é inexistente – é o clássico caso dos judeus, que foram expostos à campos de concentrações, privando-os da vida propriamente dita e de todos os direitos que lhe cabiam, restando-lhes a vida nua, que refere-se à experiência de desproteção e ao estado de ilegalidade de quem é acuado em um terreno vago, submetido a viver em estado de exceção – algo inerente ao Ocidente, desde o homo sacer condenado à banição pelo direito romano até o presídio norte-americano de Guantánamo (Cuba), passando pelos campos de concentração nazistas. Isso são penas alguns dos muitos outros exemplos.
A vida política qualificada e a vida natural, o homem como sujeito político ou como animal vivo, bíos e zoé foram progressivamente entrando numa zona de indiferenciação, na qual a vida nua foi se tornando súdita do Poder Soberano e a política foi assumindo contornos de uma biopolítica. De Aristóteles a Auschwitz, do Habeas Corpus às Declarações de Direitos.
É uma medida que não tem classificação: está nas vertentes da democracia e do absolutismo, pois não segue padrão algum, uma vez que lei alguma é seguida. As pessoas tornam-se homo sacers, membros excluídos da sociedade, quase que repugnantes. Além de excluídas dos direitos civis, suas vidas são consideradas "santas" em um sentido negativo. Ainda, podem ser mortos por qualquer um, porém não podem ser mortos em rituais religiosos.
O Estado governa com mãos de ferro, e, os nus, além de tudo, estão cobertos por correntes. Vidas nuas e acorrentadas.
Concordo com vocês quanto ao fato de que o Estado de exceção já virou regra e milhares de indivíduos, em todo o mundo, são alvo dessa biopolítica imperial. Pois eles não contribuem para essa sociedade consumista, não são produtores e nem consumidores e por isso é tirado seus direitos naturais, de seres humanos.
ResponderExcluirAcredito que as leis ainda vigorem em cada nação, porém elas legitimam o domínio de quem está no poder. Essa legitimação mascara a democracia que deveria ser um governo de todos, mas se torna um governo de poucos, estes que controlam a sociedade.
Os indivíduos que se encaixam nessa sociedade do controle, que são controlados são meros produtores e consumidores e quando não puderem ser mais cairão nas mãos do Estado de exceção.
Estamos acorrentados.
Raphaele Freire Limas
RA00095348
Juliana Fernandes 00095401
ResponderExcluirAchei que a forma como sintetizaram o texto "vida nua" foi muito simples e objetivo para compreendermos que, ao longo da história da humanidade, ela sempre se deixou subordinar por um soberano. Os exemplos usados foram claros para perceber que o que muda é a forma de como acontece, mas teremos sempre nossas vidas acorrentadas e expostas diante da vontade dele (do soberano). E que essa vida de liberdade e vontade própria nunca será nada além de um pensamento utópico.
Achei o texto muito coerente. Concordo que o estado de exceção se tornou algo imutável e ainda há quem viva condenado à vontade de um soberano a mercê da vida nua e da biopolítica.
ResponderExcluirOs indíviduos ainda vivem acorrentados, em vida nua. E como mencionado no texto, vários exemplos disso: no caso da Alemanha, os judeus foram privados de seus direitos, isolados e mortos em campos de concentração vivendo em vida nua, submetidos ao poder do soberano e da biopolítica, onde o Estado tomava as decisões sobre a vida.
Parabéns, pelo texto, que por sinal está muito bem escrito, com rico vocabulario e de facil entendimento também. A respeito do conteúdo, conseguiram separar e explicar a diferença entra zoé e bios, sem dificuldade alguma, e utiliza-la na questão da biopolítica.
ResponderExcluirDevo destacar por fim, a sincronia e a harmonia que o texto, junto com o tiítulo e a imagem, tiveram complemtando um ao outro.
De novo, parabéns meninas pelo texto.
Mateus Maropo 00067670